Por Osnilda Lima - Paulinas
Jovens religiosos das cinco regiões
do Brasil partilharam suas experiências de grupos de Novas Gerações
Tecer
relações e construir caminhos: esse é o grito de esperança e compromisso dos
jovens religiosos da vida consagrada de todo o Brasil reunidos em Aparecida
(SP), no Congresso “Novas Gerações da Vida Religiosa Consagrada” promovido pela
CRB Nacional - Conferências dos Religiosos do Brasil. O evento que acontece de 9 a 12 de fevereiro de 2013. O texto bíblico do lema do Congresso: “Ardia o
nosso coração quando Ele nos falava no caminho”, embala a juventude em uma só
voz. O texto é do evangelista Lucas (Lc 24,32), em que Jesus se coloca a
caminho com dois peregrinos logo após sua morte.
Na
leitura do livro do Genesis (Gn 1, 1-19), que a liturgia propõem nesta
terça-feira (11), e que foi proclamada na Celebração Eucarística no início das
atividades desse dia é o texto da criação. Vale ressaltar que esse texto da
Primeira Leitura para no quarto dia da criação. Em seguida vem o Evangelho (Mc
6, 53-56), em que Jesus acaba de atravessar com seus discípulos o mar da Galileia,
assim que descem do barco, as pessoas logo os reconhecem e acorrem ao encontro
deles. A criação não está acabada Jesus e seus discípulos entram em ação.
Tecendo
um paralelo entre a Primeira Leitura, o Evangelho e a Vida Religiosa Consagrada
(VCR), ao contemplar o mundo hoje, percebe-se, ele está inacabado, Deus quer
precisar da Vida Religiosa Consagrada para ajudá-lo na conclusão, já que os
mesmos se comprometem com a causa de Jesus Cristo ao consagrar a vida para Deus
pela causa do Reino de Jesus Cristo.
Os
800 jovens religiosos que participam do Congresso, representam a juventude dos
32 mil religiosos e religiosas que habitam o Brasil. Durante a Celebração
Eucarística eles trouxeram símbolos representando as cinco regiões do Brasil e
os anseios do povo.
Na
homilia, padre Jorge Sampaio, Congregação Redentorista e membro da Diretoria da
CRB Regional de São Paulo chamaram à atenção da juventude da VRC, que a mesma
tem a missão de estar no meio do povo, assim como Jesus e seus discípulos se
mostram no Evangelho da liturgia desse dia, e ajudá-los em seus sofrimentos,
como também celebrar suas alegrias.
E
assim eles fizeram. Em seguida a Celebração Eucarística os jovens religiosos
apresentaram, por regiões do Brasil, suas caminhadas, sonhos, alegrias e
desafios.
Região Sudeste
A
região Sudeste apresentou a realização do pré-congresso em que teve como
objetivo reunir e oportunizar uma reflexão referente a realidade dos jovens
religiosos. “Trazemos o grande sonho de nos regionais ter a juventude religiosa
articulada”, revelou irmã Maria Abreu Ferreira, da congregação Santos Anjos,
que ainda destacou sonhos e esperanças de dias de maior partilha e interação
entre os jovens religiosos das diversas congregações e articulação de grupos
Novas Gerações onde ainda não há. Irmã Maria, salientou também que há o desejo de
que as congregações acreditem e se envolvam mais com as iniciativas da CRB e
suas atividades.
Região Centro-Oeste
Irmã
Ivone Gonçalves, da congregação das Irmãs Sacramentinas e o frei Henrique
Arguilar Filho, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, apresentaram a realidade da
juventude do Centro-Oeste, seus sonhos, alegrias e desafios. “Não somos somente o futuro. Somos o presente,
somos protagonistas de nossa história, provocamos mudanças nos espaços onde
estamos. Desestabilizamos. Somos presença profética. Somos ousados. Somos movimento do Espírito na Instituição, na Igreja e no
mundo”, afirmaram os jovens religiosos.
Os
sonhos
Os sonhos embalados com o desejo de acordar para a
realidade, trazidos por frei Henrique e irmã
Ivone foram:
ü Um projeto comum entre os religiosos que impulsione
para a missão junto aos mais necessitados, num espírito de abertura e
construção coletiva.
ü O anseio de assumir compromisso numa VRC mais
dialogada de forma que chame a atenção de outros a vivenciarem conosco essa
mesma realidade.
ü Uma VRC com enfoque nas questões sociais e que seja
presença profética onde a vida está ameaçada.
ü Ser livre para buscar o que nos realiza sem tantas
imposições e regras. Conservar o espírito jovem, ousado, criativo,
comprometido.
ü Vivenciar com mais leveza e compreensão as relações
comunitárias.
ü Fortalecer os grupos de partilha/vivência das Novas
Gerações como espaço propício para cultivar e potencializar nosso Ser Consagrado.
ü Promover a visibilidade das reflexões dos grupos de
Novas Gerações dentro das nossas Instituições.
Alegrias
Há momentos e realidades de alegria no convívio dos jovens religiosas na
partilha entre as congregações.
ü Encontros de formação intercongregacional para Novas
Gerações; Momentos de espiritualidade, partilha, convivência com o povo
sofredor.
ü Perceber que estarmos
juntos e tecer a colcha,
(colcha essa que foi tecida pelo regionais de CRB e costurada num grande
mutirão na abertura do Congresso), é falar de comunhão e identidade.
Neste sentido nossas Congregações se tornam pequenas: somos uma família , a
Vida Religiosa Consagrada.
ü Sentir-se parte na construção do Reino, sem perder o
ânimo diante dos conflitos geracionais.
ü A importância de conviver enquanto grupo de Novas
Gerações da Vida Consagrada nos anima, nos constitui enquanto identidade.
ü A proposta da vida comunitária em seu processo de
construção de amor, cuidado, sensibilidade e carinho. O que primeiro nos atraiu
na VR foi e é a proposta e não a Instituição.
Os jovens religiosos concluíram que ao pensar na
construção de uma colcha de retalhos o fio une a colcha não aparece, mas
sabe-se que ele existe. Jesus é esse fio que nos une em as diferenças entre os
religiosos, ressaltaram.
Desafios
Para continuar uma caminhada de sonhos e alegrias é
preciso tomar consciência que há desafios que impendem essa dinâmica e se faz
necessário trabalhá-los. Segundo os jovens religiosos há diversos desafios:
ü As relações e a compreensão da pessoa em sua
singularidade como exercício de uma escuta madura. A leveza nas Instituições
começa a partir de cada indivíduo, em uma dinâmica circular: que cada um
respeite o ritmo e tempo do outro.
ü O ativismo dentro da VR. O peso institucional e
acúmulo de serviços em uma única pessoa, sem considerar o “SER”.
ü Conciliar o modelo da VRC com as exigências atuais.
Por exemplo: As relações com a tecnologia.
ü Envolver as Novas Gerações das diversas Congregações
e Províncias da CRB nos encontros e reflexões necessários para o II Congresso e
principalmente o Pós-Congresso.
ü O risco de cair no comodismo e desânimo diante das
dificuldades (permanecer nas Instituições pelas compensações e não pelo Reino).
O exercício do poder (como serviço e não como mando).
ü Como ser presença nas diferentes realidades: “das
juventudes”, de violência com os Povos Indígenas, tráfico de pessoas,
extermínio de jovens... ?
ü Resgate do profetismo frente à realidade de
fechamento da Igreja, que nem sempre revela a bondade e misericórdia de Deus.
Propostas
Os jovens religiosos da região Centro-Oeste, também trouxeram suas propostas:
ü Criação de “alianças” que ajudem e que apoiem os
jovens dentro das Instituições.
ü Unir forças para assegurar a continuidade de uma VR
que atenda às necessidades do tempo atual.
ü Produzir materiais científicos para a VRC a partir
das reflexões das Novas Gerações e dos Carismas Congregacionais.
Eles deixaram um questionamento para refletir:
1.
Como nós,
Novas Gerações, iremos acolher as novas vocações, mantendo a essência e rompendo
paradigmas?
Região Norte
Irmã Becky Fernandez Mamio, da Congregação da Divina
Providência, relatou as experiências vividas pelos jovens religiosos da região
Norte. Segundo Becky, para o grupo nortista sonhos, alegrias e desafios se
misturam. O maior sonho é fortalecer, articular e unir forças com os vários
grupos de Novas Gerações que há na região. Buscam partilhar e expressar a
alegria que vem de Deus, e tornarem-se cada vez mais presença alegre no meio do
povo. Para eles o maior desafio é abrir-se para novos horizontes de atuação da
VCR. A irmã também ressaltou que os subsídios oferecidos pela CRB Nacional
ajudaram a acalantar os sonhos, a enfrentar os desafios e favoreceram a
convivência a partilha entre o jovens religiosos. Destacou também que nas
partilhas surgiu a inquietação e o compromisso de: “Não se preocupar com as
estruturas da VRC, mas sim em quê o povo vai lembrar da VRC, como tratou seu
irmão, como olhou para ele. Serão nossas pequenas atitudes que ficam marcadas
na pessoas”, concluiu a jovem religiosa.
Região Nordeste
As
representantes da vida religiosa jovem da região Nordeste, foram as irmãs Ana
Paula Guimarães, da Congregação das Irmãs Cordimarianas e Gilcilene Ferreira
Silva, da Congregação Escravas da Imaculada Menina. As irmãs destacaram que não
está articulado em todos os estado nordestino o grupo de Novas Gerações. No
entanto, mesmo a participação sendo de pouco membros há vivencias que favorecem
o crescimento e partilha dos que participantes como a dimensão da espiritualidade,
a vivência da missão, a vida acadêmica, as juventudes, as confraternizações.
“Isso nos incentiva, nos impele a desfrutar da presença uns dos outros, nos
alegrarmos, e nos animarmos em nossa vocação”, ressaltou irmã Gilcilene.
Região
Sul
A região sul foi
representada pelo irmão Ismael Giachini, da Congregação dos Oblados de São
José. Ismael partilhou o pré congresso
realizado em Curitiba (PR) em 2012. A
proposta e desafio que a região Sul traz é o continuar a fortalecer e animar os
grupos de Novas Gerações. Para eles os grupos de Novas Gerações tornaram-se
grupos de vivência em que fizeram um caminho de acompanhar e se deixar
acompanhar. As partilhas os fortaleceram na caminhada. E ao fim de sua
colocação o irmão convidou toda a assembleia a danças uma ciranda.