Por Tiago Melo -
Paulinos
Pesquisa revela soluções às novas
gerações de consagrados e aponta fragilidades na Vida Religiosa
Jovens religiosas participantes do Congresso Novas Gerações da Vida Religiosa |
No dia 11, o II Congresso Nacional das Novas Gerações da Vida
religiosa, em Aparecida (SP), recebeu o padre Adalto Luis Chitolina, da
Congregação do Sagrado Coração de Jesus e a irmã Fátima Moraes, Apóstola do
Sagrado Coração. Eles são integrantes da equipe de reflexão psicológica da CRB
Nacional (Conferência dos Religiosos do Brasil) e apresentaram o resultado da
pesquisa realizada pela CRB Nacional entre os meses de março a novembro de
2011, com a vida religiosa jovem do Brasil.
Confirmações, inquietações e o futuro da Vida Religiosa Consagrada |
A pesquisa propôs três perguntas aos jovens religiosos: Quais
são os principais sonhos e expectativas da Vida Religiosa Consagrada (VRC)
jovem. Quais os desafios e dificuldades? Quais são suas atitudes diante dos
desafios e dificuldades.
A análise da pesquisa partiu de três aspectos: confirmações,
inquietações e futuro. No primeiro aspecto foi possível perceber que emergem possibilidades
de uma contribuição maior das Novas Gerações de religiosos no processo
construtivo de valores e revitalização da própria vida religiosa. Depois, há um
grande desejo, por parte dos consagrados, de ser protagonista na missão e vida
do instituto. E que a fraternidade sempre foi e será um ambiente que
possibilita o crescimento pessoal e liberdade de pensamento.
Outro aspecto da confirmação da pesquisa foi a importância da
CRB na VRC do Brasil, não só por questões organizacionais, mas pela
possibilidade de abrir janelas e horizontes com experiências
intercongregacionais. Surgiu também uma inconformidade com a falta de
articulação não só da CRB, mas pelos próprios religiosos que não se articulam para
melhorar o desempenho da ação da Conferência.
Inquietações e buscas da VRC |
O Segundo ponto apresentado pelo padre Adalto e também pela
irmã Fátima foram as inquietações. Disparidades entre a pesquisa escrita e a
falada. Enquanto a primeira, feita por meio de questionários, apresenta grande
insatisfação com a Vida Religiosa, a segunda mostra algo bem diferente. Isso
quando os religiosos se encontram em assembleias, conferências e congressos. “Tudo
é ótimo, tudo é belo”. “O que será de fato?” Perguntou o padre. Outro aspecto é
a falta de disponibilidade para o trabalho e atuação juntos aos grupos
reflexivos e na própria CRB.
A VRC da nova geração tem-se muito de autoconhecimento e
muito de fechamento em si. E essas duas coisas não se combinam. “Só há um
verdadeiro autoconhecimento, caso haja uma abertura à realidade, ao hoje.” diz
irmã Fátima. Sobre as relações na vida religiosa, o padre Adalton falou: “O
princípio fundante da Vida Religiosa não pode ser o afeto, mas sim o projeto do
Reino, Jesus, o Evangelho. O nosso chamado primeiro”. E ainda desafia, “Não
podemos confundir uma comunidade de laços afetivos humanos com uma comunidade
de fé. O laço afetivo entre as pessoas é consequência da razão maior que nos
agrega, Jesus! Mas isso sem fé, o que será?”, revela o psicólogo.
O terceiro ponto foi o futuro. Futuro este não só da vida
religiosa, mas também os frutos de todo o empenho na formação e serviço tanto
dos institutos, congregações, ordens religiosas quanto o da CRB. O sacerdote
disse que o resultado, ou até mesmo o congresso não termina aqui. Ele é uma
oportunidade ao novo. Sempre começando pelo próprio eu.
Entre a colocação dos psicólogos, a irmã Marian Ambrósio,
presidente da CRB Nacional veio dar um comunicado que “abalou” o mundo e,
principalmente o mundo cristão católico. O Sumo Pontífice Bento 16 em um
consistório, reunião com os cardeais, anunciou sua renúncia ao papado da Igreja
de Roma. “Caros irmãos, convoquei-os para este consistório, não apenas para as
três canonizações, mas também para comunicar a vocês uma decisão de grande
importância para a vida da Igreja. Após ter repetidamente examinado minha
consciência perante Deus, eu tive certeza de que minhas forças, devido à
avançada idade, não são mais apropriadas para o adequado exercício do
ministério de Pedro, trecho da carta de renúncia de Bento 16”. (Rádio Vaticano).
Para a presidente essa é uma atitude de grande humildade e de
profunda maturidade. A Igreja demonstrou uma nova face. Todos os religiosos,
comovidos por tal notícia, e convocados pela irmã Marian cantaram: “Nós estamos
aqui reunidos como estavam em Jerusalém, pois só quando vivemos unidos é que o
Espírito Santo nos vem. Feita de homens Igreja é divina, pois o Espírito Santo
a conduz, como fogo que aquece e ilumina, que é pureza, que é vida, que é luz.”(Letra:
Pe. Lucio Floro / Letra: Mirian T. Kolling, ICM.) Ao concluir o canto, os
congressistas ovacionaram com uma grande
salva de palmas.
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