6 de agosto de 2018

Carta de um missionário


Partilhamos o relato do Frei Atílio, ofm, que esta de mudança para a Prelazia e acompanhou o grupo durante a missão em Anajás.


Amig@s missionári@s,
Paz e Bem!

Quero felicitá-l@s pela missão realizada no Marajó, e dizer-lhes que fiquei com a atitude e o jeito de vocês. Parabéns pela escolha e pela decisão, coragem e ousadia de vocês em fazer missão em terras e águas marajoaras, um mundo novo e desconhecido para quase todos.
Chamou-me atenção a animação pela missão. Observei a intensidade com que viveram cada momento, a abertura diante do novo e das surpresas, espontaneidade da convivência, o entrosamento e a vida fraterna, os sorrisos, a alegria, a animação, a disponibilidade para os serviços, a acolhida da missão como kairós e momento de graça. Senti seriedade na missão. Ninguém veio para fazer turismo.
Que as verdadeiras lembranças, mais do que as registradas em muitas fotos, sejam aquelas gravadas no coração e na alma, que são permeadas pela afetividade de cada encontro, pelo encanto de cada rosto,pela emoção de cada novidade e pela surpresa de cada paisagem.
Prestei muito atenção no que levam da missão: rosto de pessoas que carregam uma experiência de vida, o grito de pessoas que querem ser ouvidas, as famílias que nos acolheram, a experiência de um povo esperançoso, a coragem de um povo guerreiro, a natureza que nos renova, a ingenuidade das crianças, a experiência mística do povo marajoara, um rosto diferente de Deus, o desejo de poder voltar. E com certeza muitas preciosidades mais “não declaradas”, (já partilhei com D. Evaristo minhas anotações). Mas podem ter certeza que deixaram muito mais do que pensam, porque o Espírito de Deus multiplica o pouco que fizemos. Nossa visita é apenas um sinal da visita de Deus.

Quero fazer-lhes uma pergunta e uma proposta.
A pergunta: Depois dessa experiência na Amazônia, o que você (sua fraternidade, sua comunidade eclesial, sua entidade) pode fazer pela Amazônia e pela missão? A pergunta é extensiva à “Amazônia”, mas pode ser entendida como “Marajó”.
A proposta: Promover eventos e campanhas sobre a Amazônia. Por exemplo, realizar ao longo do ano uma “semana da Amazônia”, na sua faculdade, no seu colégio, na sua paróquia ou comunidade, com exposição de fotos, palestras, projeção de vídeos ou filmes, debates, entre outras coisas. Eu me disponho a colaborar no que está ao meu alcance. Lembro que os Frades Menores (franciscanos), não tenho certeza se é toda a Família Franciscana, em todo o Brasil, onde estão presentes, no primeiro domingo de setembro, promovem uma coleta em prol das missões na Amazônia (dia 5 de setembro é o dia da Amazônia –é o dia em que D. Pedro decretou a criação da Província do Amazonas, em 1850).
Vocês deixaram a Amazônia e regressaram às suas fraternidades e ao seu dia a dia. Que a Amazônia não deixe o seu coração! Que ela sempre possa acompanha-los onde quer que estejam!
O contato com outra cultura e outra realidade é sempre uma riqueza e nos torna mais humanos. Partilhem da riqueza e da humanidade que levam que levam dessa missão.
Que em suas vidas as bênçãos sejam abundantes como as chuvas da Amazônia!
Que a paz possa fluir como o deslizar dos rios!
Que as amizades possam crescer como a vitalidade das matas!
Que as dificuldades sejam superadas com a tranquilidade
das barcas, que não se importam com o tempo e as distâncias!
Que a vida seja fértil, diversa e generosa, como o grande bioma da floresta,
que mesmo agredido, sempre insiste, resiste, se renova, se multiplica e a todos acolhe e sustenta.
Que o amor seja intenso, como o calor do sol picante.
Que a missão seja como a dedicação das mães, a ternura das crianças, a insistência dos jovens, o testemunho dos santos e a misericórdia de Deus.
Que não lhes falte saúde,
e que a esperança se renove a cada amanhecer.

Abraços, com ternura e vigor,
Frei Atílio Battistuz, OFM 
Marajó, 01 de agosto de 2018.

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