11 de fevereiro de 2013

Caminhos construídos pelos jovens seguidores de Jesus no Brasil


Por Osnilda Lima - Paulinas

Jovens religiosos das cinco regiões do Brasil partilharam suas experiências de grupos de Novas Gerações

Tecer relações e construir caminhos: esse é o grito de esperança e compromisso dos jovens religiosos da vida consagrada de todo o Brasil reunidos em Aparecida (SP), no Congresso “Novas Gerações da Vida Religiosa Consagrada” promovido pela CRB Nacional - Conferências dos Religiosos do Brasil. O evento que acontece de 9 a 12 de fevereiro de 2013. O  texto bíblico do lema do Congresso: “Ardia o nosso coração quando Ele nos falava no caminho”, embala a juventude em uma só voz. O texto é do evangelista Lucas (Lc 24,32), em que Jesus se coloca a caminho com dois peregrinos logo após sua morte.
Na leitura do livro do Genesis (Gn 1, 1-19), que a liturgia propõem nesta terça-feira (11), e que foi proclamada na Celebração Eucarística no início das atividades desse dia é o texto da criação. Vale ressaltar que esse texto da Primeira Leitura para no quarto dia da criação. Em seguida vem o Evangelho (Mc 6, 53-56), em que Jesus acaba de atravessar com seus discípulos o mar da Galileia, assim que descem do barco, as pessoas logo os reconhecem e acorrem ao encontro deles. A criação não está acabada Jesus e seus discípulos entram em ação.
Tecendo um paralelo entre a Primeira Leitura, o Evangelho e a Vida Religiosa Consagrada (VCR), ao contemplar o mundo hoje, percebe-se, ele está inacabado, Deus quer precisar da Vida Religiosa Consagrada para ajudá-lo na conclusão, já que os mesmos se comprometem com a causa de Jesus Cristo ao consagrar a vida para Deus pela causa do Reino de Jesus Cristo.
Os 800 jovens religiosos que participam do Congresso, representam a juventude dos 32 mil religiosos e religiosas que habitam o Brasil. Durante a Celebração Eucarística eles trouxeram símbolos representando as cinco regiões do Brasil e os anseios do povo.
Na homilia, padre Jorge Sampaio, Congregação Redentorista e membro da Diretoria da CRB Regional de São Paulo chamaram à atenção da juventude da VRC, que a mesma tem a missão de estar no meio do povo, assim como Jesus e seus discípulos se mostram no Evangelho da liturgia desse dia, e ajudá-los em seus sofrimentos, como também celebrar suas alegrias.
E assim eles fizeram. Em seguida a Celebração Eucarística os jovens religiosos apresentaram, por regiões do Brasil, suas caminhadas, sonhos, alegrias e desafios.


Região Sudeste
A região Sudeste apresentou a realização do pré-congresso em que teve como objetivo reunir e oportunizar uma reflexão referente a realidade dos jovens religiosos. “Trazemos o grande sonho de nos regionais ter a juventude religiosa articulada”, revelou irmã Maria Abreu Ferreira, da congregação Santos Anjos, que ainda destacou sonhos e esperanças de dias de maior partilha e interação entre os jovens religiosos das diversas congregações e articulação de grupos Novas Gerações onde ainda não há. Irmã Maria, salientou também que há o desejo de que as congregações acreditem e se envolvam mais com as iniciativas da CRB e suas atividades.


Região Centro-Oeste
Irmã Ivone Gonçalves, da congregação das Irmãs Sacramentinas e o frei Henrique Arguilar Filho, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, apresentaram a realidade da juventude do Centro-Oeste, seus sonhos, alegrias e desafios. “Não somos somente o futuro. Somos o presente, somos protagonistas de nossa história, provocamos mudanças nos espaços onde estamos. Desestabilizamos. Somos presença profética. Somos ousados. Somos movimento do Espírito na Instituição, na Igreja e no mundo”, afirmaram os jovens religiosos.

Os sonhos
Os sonhos embalados com o desejo de acordar para a realidade, trazidos por frei Henrique e irmã  Ivone foram:
ü  Um projeto comum entre os religiosos que impulsione para a missão junto aos mais necessitados, num espírito de abertura e construção coletiva.
ü  O anseio de assumir compromisso numa VRC mais dialogada de forma que chame a atenção de outros a vivenciarem conosco essa mesma realidade.
ü  Uma VRC com enfoque nas questões sociais e que seja presença profética onde a vida está ameaçada.
ü  Ser livre para buscar o que nos realiza sem tantas imposições e regras. Conservar o espírito jovem, ousado, criativo, comprometido.
ü  Vivenciar com mais leveza e compreensão as relações comunitárias.
ü  Fortalecer os grupos de partilha/vivência das Novas Gerações como espaço propício para cultivar e potencializar nosso Ser Consagrado. 
ü  Promover a visibilidade das reflexões dos grupos de Novas Gerações dentro das nossas Instituições.

Alegrias
Há momentos e realidades de alegria no convívio dos jovens religiosas na partilha entre as congregações.
ü  Encontros de formação intercongregacional para Novas Gerações; Momentos de espiritualidade, partilha, convivência com o povo sofredor.
ü  Perceber que estarmos juntos e tecer a colcha, (colcha essa que foi tecida pelo regionais de CRB e costurada num grande mutirão na abertura do Congresso), é falar de comunhão e identidade. Neste sentido nossas Congregações se tornam pequenas: somos uma família , a Vida Religiosa Consagrada.
ü  Sentir-se parte na construção do Reino, sem perder o ânimo diante dos conflitos geracionais.
ü  A importância de conviver enquanto grupo de Novas Gerações da Vida Consagrada nos anima, nos constitui enquanto identidade.
ü  A proposta da vida comunitária em seu processo de construção de amor, cuidado, sensibilidade e carinho. O que primeiro nos atraiu na VR foi e é a proposta e não a Instituição.
Os jovens religiosos concluíram que ao pensar na construção de uma colcha de retalhos o fio une a colcha não aparece, mas sabe-se que ele existe. Jesus é esse fio que nos une em as diferenças entre os religiosos, ressaltaram.

Desafios
Para continuar uma caminhada de sonhos e alegrias é preciso tomar consciência que há desafios que impendem essa dinâmica e se faz necessário trabalhá-los. Segundo os jovens religiosos há diversos desafios:
ü  As relações e a compreensão da pessoa em sua singularidade como exercício de uma escuta madura. A leveza nas Instituições começa a partir de cada indivíduo, em uma dinâmica circular: que cada um respeite o ritmo e tempo do outro.
ü  O ativismo dentro da VR. O peso institucional e acúmulo de serviços em uma única pessoa, sem considerar o “SER”.
ü  Conciliar o modelo da VRC com as exigências atuais. Por exemplo: As relações com a tecnologia.
ü  Envolver as Novas Gerações das diversas Congregações e Províncias da CRB nos encontros e reflexões necessários para o II Congresso e principalmente o Pós-Congresso.
ü  O risco de cair no comodismo e desânimo diante das dificuldades (permanecer nas Instituições pelas compensações e não pelo Reino). O exercício do poder (como serviço e não como mando).
ü  Como ser presença nas diferentes realidades: “das juventudes”, de violência com os Povos Indígenas, tráfico de pessoas, extermínio de jovens... ?
ü  Resgate do profetismo frente à realidade de fechamento da Igreja, que nem sempre revela a bondade e misericórdia de Deus.

Propostas
Os jovens religiosos da região Centro-Oeste, também trouxeram suas propostas:
ü  Criação de “alianças” que ajudem e que apoiem os jovens dentro das Instituições.
ü  Unir forças para assegurar a continuidade de uma VR que atenda às necessidades do tempo atual.
ü  Produzir materiais científicos para a VRC a partir das reflexões das Novas Gerações e dos Carismas Congregacionais.
Eles deixaram um questionamento para refletir:
1.      Como nós, Novas Gerações, iremos acolher as novas vocações, mantendo a essência e rompendo paradigmas?


Região Norte
Irmã Becky Fernandez Mamio, da Congregação da Divina Providência, relatou as experiências vividas pelos jovens religiosos da região Norte. Segundo Becky, para o grupo nortista sonhos, alegrias e desafios se misturam. O maior sonho é fortalecer, articular e unir forças com os vários grupos de Novas Gerações que há na região. Buscam partilhar e expressar a alegria que vem de Deus, e tornarem-se cada vez mais presença alegre no meio do povo. Para eles o maior desafio é abrir-se para novos horizontes de atuação da VCR. A irmã também ressaltou que os subsídios oferecidos pela CRB Nacional ajudaram a acalantar os sonhos, a enfrentar os desafios e favoreceram a convivência a partilha entre o jovens religiosos. Destacou também que nas partilhas surgiu a inquietação e o compromisso de: “Não se preocupar com as estruturas da VRC, mas sim em quê o povo vai lembrar da VRC, como tratou seu irmão, como olhou para ele. Serão nossas pequenas atitudes que ficam marcadas na pessoas”, concluiu a jovem religiosa.


Região Nordeste
As representantes da vida religiosa jovem da região Nordeste, foram as irmãs Ana Paula Guimarães, da Congregação das Irmãs Cordimarianas e Gilcilene Ferreira Silva, da Congregação Escravas da Imaculada Menina. As irmãs destacaram que não está articulado em todos os estado nordestino o grupo de Novas Gerações. No entanto, mesmo a participação sendo de pouco membros há vivencias que favorecem o crescimento e partilha dos que participantes como a dimensão da espiritualidade, a vivência da missão, a vida acadêmica, as juventudes, as confraternizações. “Isso nos incentiva, nos impele a desfrutar da presença uns dos outros, nos alegrarmos, e nos animarmos em nossa vocação”, ressaltou irmã Gilcilene.


Região Sul
A região sul foi representada pelo irmão Ismael Giachini, da Congregação dos Oblados de São José.  Ismael partilhou o pré congresso realizado em Curitiba (PR) em 2012.  A proposta e desafio que a região Sul traz é o continuar a fortalecer e animar os grupos de Novas Gerações. Para eles os grupos de Novas Gerações tornaram-se grupos de vivência em que fizeram um caminho de acompanhar e se deixar acompanhar. As partilhas os fortaleceram na caminhada. E ao fim de sua colocação o irmão convidou toda a assembleia a danças uma ciranda.


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