Por Irmã Márcia Rosália Santos, IDP
É com o coração cheio da Alegria Pascal que faço essa partilha missionária. Sou Irmã Márcia Santos, Irmã da Divina Providência, sou natural de Santarém, Pará, moro em Porto Alegre/RS, a 14 anos. Tudo isso para lhe dizer que participar da III Semana Missionária da Vida Consagrada Jovem na Amazônia – Macapá, de 07 a 18 de abril de 2017, não foi para mim um acaso, nem mero convite aceito, mas foi a concretização do despertar que me trouxe para a Vida Consagrada – Ser Missionária nas comunidades Ribeirinhas da Amazônia.
Ao saber da existência desse Projeto idealizado e sonhado pela CRB Nacional, alimentei o desejo de fazer parte dessa experiência. Mas o que significou para mim, pisar aquele chão? Foi mais que sair de mim, do cotidiano da minha missão. Foi antes de tudo, um processo de despojamento, de abrir-me a ação de Deus manifestada na vida e na história daquele povo.
Tivemos um dia inteiro de formação para mergulhar no contexto eclesial-político-social-econômico e cultural das comunidades a serem visitadas, estas divididas em setores com denominação de aves regionais. Tive a graça de visitar o Setor Patativa, acompanhada pela Irmã Jusciêda, do Setor Missão da CRB Nacional e o Postulante Hálesi Carvalho, Pavonianos. Foram, sem dúvidas dias de animação de nossa vocação missionária, onde com o povo rezamos, refletimos, ouvimos e sobretudo acolhemos os traços de Deus presente em suas histórias de vida.
Pudemos perceber o anseio do povo por saúde, educação, formação eclesial. Há visível ausência do Estado, no que tange sua responsabilidade de subsidiar condições de vida digna. Percebemos o comprometimento da Igreja com as comunidades, porém frágil e insuficiente, por causa da carência de padres e religiosos naquela Diocese. No entanto, é de calar diante de tão grande testemunho dos dirigentes de comunidades, que assumem essa missão tão linda e desafiadora de animar a vida das pessoas e despertar em seus corações o desejo de fazer parte da vida da comunidade e da Igreja. É um povo que se sabe sustentado e conduzido pela ternura de Deus, que sabe ser grato pela riqueza natural à sua volta (açaí, peixes, camarão...).
Qual o rosto de Deus reconhecido, revelado e testemunhado nessa experiência missionária? Bem, diante daquela imensidade de águas, me faltaram capacidades de abarcar a grandiosidade da bondade de Deus. Fiquei emudecida diante de tanta beleza, reconheci o rosto de um Deus que navega sobre aquelas águas, movimentando-se através das lidas e das labutas do povo, Deus revelado na inocência das crianças.
Nossa preocupação não foi ensinar e não nos preocupamos como seria os dias que lá estaríamos, nosso desejo era somente ser povo com o povo, experimentar em profundidade as manifestações de fé e as esperanças que mantém a presença mística de uma Igreja em saída. Sai de lá profundamente grata à minha Congregação, à CRB Nacional e todas as pessoas que organizaram essa missão, pela oportunidade de me tornar mais Irmã, me encontrar com minha verdadeira intimidade de consagrada. Voltei com o desejo de despertar outros corações a fazer parte desse projeto em 2018. Voltei desejando que o ano passe e que eu possa voltar ano que vem e experimentar, Cristo Ressuscitado, presente e manifestado no rosto dos povos Amazônicos.
“Saiamos depressa ao encontro da Vida”